Comunismo para crianças não se destina exatamente às crianças. A linguagem que simula e parodia as histórias infantis está a serviço de uma caracterização crítica e muitas vezes ácida do funcionamento da economia capitalista contemporânea. Sua publicação nos Estados Unidos, em 2017, provocou polêmica, pois houve quem atacasse a autora, Bini Adamczak, de promover a doutrinação de jovens. Ao expor como a organização do trabalho e a exploração dos trabalhadores alimentam o capital e o sofrimento causado pelo sistema, Adamczak constrói, no entanto, uma breve história do capitalismo e de sua contraparte utópica, o comunismo, por meio de situações e exemplos imaginários, mas muito familiares aos que vivem no mundo globalizado. A autora, entretanto, não deixa de apontar os enormes equívocos nas experiências socialistas. Com inteligência e mordacidade – além de um discreto, porém incisivo, tom feminista –, o livro se dirige aos leitores de todas as idades e partidos, interessados em história, economia e organização social.