Nestas duas conferências de 1913 que ora publicamos, Cosme Mariño apresenta um pensamento espírita e social que serve de norma e orientação aos estudiosos da Doutrina Espírita, em um momento da História em que o Espiritismo deverá entrar na lide humana, para canalizar os problemas sociais e espirituais por um caminho novo e revolucionário. A partir de pregações católicas conservadoras que ecoavam em seu tempo, Mariño desenvolve respostas progressistas embasadas na mensagem de Jesus e na Doutrina Espírita, demonstrando que o socialismo é parte integrante do pensamento espírita cristão. “Nossas simpatias foram sempre pelo socialismo, porque, como dissemos, dentro dos princípios do Espiritismo cabe o socialismo, suposto que a doutrina revolucionária de Jesus é essencialmente socialista. ‘Amai-vos uns aos outros’, disse Jesus, ‘porque todos sois irmãos, filhos de um mesmo Pai.’ Por outra parte, afiançava os princípios em que se afiança a democracia moderna, proclamando a liberdade e fraternidade dos homens. O socialismo não proclama a igualdade absoluta, em sua face inicial, senão mais justiça na distribuição dos bens da Terra, porque estes não são propriedade de nenhuma raça, povo ou homem, mas da natureza que os dá a todos sem exceção, com a mesma prodigalidade de uma mãe carinhosa. O socialismo pede mais justiça na distribuição do capital, porque o capital é o produto direto do trabalho de todos; e são os que mais contribuem para sua formação que, em todo tempo, foram vítimas do egoísmo dos mais fortes, dos que têm se erigido em super-homens, apoiados na fraqueza e na ignorância do rebanho humano.” “Jesus é o maior revolucionário social dos que teve a humanidade, e é o verdadeiro fundador do socialismo.” “O socialismo é, como já dissemos, um capítulo do Espiritismo. O socialismo provém, para nós, os ocidentais, da doutrina pregada por Jesus; é aqui onde se acha a razão fundamental do socialismo.”