A Consciência do Tempo traz o texto integral da tese de doutorado de Daniel Grandinetti em Filosofia, defendida na UFMG em 2018. O objetivo do autor é elucidar o paradoxo da percepção da sucessão, resultante das seguintes premissas:
a) Só há percepção do presente; não há percepção nem do futuro nem do passado;
b) Há a percepção de eventos sucessivos, como da sucessão de notas musicais numa melodia;
c) A percepção de eventos sucessivos envolve a percepção de um "antes" e um "depois";
d) Logo, a percepção de eventos sucessivos envolve a percepção do passado e do futuro imediatos;
e) Logo, ainda, não há percepção da sucessão.
Grandinetti destrincha este paradoxo através da análise dos diálogos de Barry Dainton, maior especialista contemporâneo em fenomenologia da temporalidade, com três autores clássicos: C. D. Broad, Edmund Husserl e John Foster. Rejeitando as soluções propostas pelos quatro autores supramencionados, Grandinetti desenvolve os princípios de uma fenomenologia da temporalidade dinâmica, em que a sucessão de eventos percebida "agora" aparece coerentemente como a presentificação do passado e do futuro imediatos efetuada pela atenção. Grandinetti ainda trabalha com autores como Merleau-Ponty, Sartre, Alva Nöe, Bertrand Russell, McTaggart, Kant e Aristóteles.
Julgada originalíssima, corajosa e ousada, clara e esclarecedora pela banca de defesa, "A Consciência do Tempo" apresenta um texto honesto e instigante. Cada frase foi trabalhada para transmitir com a maior clareza possível ao leitor as profundas reflexões do autor sobre um tema considerado difícil e abstrato.