Uma das muitas e grandes contribuições de Alvin Plantinga à comunidade intelectual cristã tem sido certamente sua defesa do direito e responsabilidade de os acadêmicos cristãos desenvolverem e trabalharem, aberta e declaradamente, sua disciplina a partir de uma perspectiva cristã. Neste livreto, os ensaios de Plantinga levantam precisamente questões relacionadas à sua experiência como filósofo cristão e, portanto, às demandas e desafios apresentados tanto pelo trabalho filosófico em si quanto pela caminhada na fé cristã. Nesse sentido, o autor explora, em sua linguagem rigorosa porém límpida, quais são as possíveis relações entre a comunidade intelectual cristã (juntamente às universidades cristãs das diversas tradições confessionais) e o trabalho científico; de igual modo, expõe como as abordagens e práticas intelectuais dos cristãos diferem daquelas realizadas nos demais meios. As propostas do filósofo analítico, embora não se diluam em contemporizações, tampouco se reduzem a esquemas e simplificações apressadas; antes, primam pela necessidade do constante diálogo com o entorno intelectual, bem como da autocrítica e supervisão das próprias atividades de pesquisa porventura conduzidas pelo cristão. De igual modo, Plantinga oferece aqui “conselhos” reunidos de sua experiência pessoal e acadêmica a filósofos cristãos e que possivelmente servem, por extensão, a quaisquer outros pensadores teístas que buscam ou já mesmo ensaiaram uma integração de sua fé com seu trabalho filosófico. Traçando um breve histórico dos desafios anteriormente levantados pela corrente verificacionista, o autor passa a considerações de temas centrais da epistemologia da crença religiosa e da antropologia filosófica. Esses argumentos iniciais, conforme se verá, preparam sua posterior convocação pessoal e espiritual para que os cristãos envolvidos no trabalho acadêmico demonstrem maior liberdade, integridade e coragem cristãs em suas pesquisas e em sua jornada ou vida na universidade.