As Considerações sobre a França, publicadas originalmente em 1797, constituem uma das obras máximas do ideário contrarrevolucionário e encerram uma das mais instigantes análises da chamada Revolução Francesa — episódio até então único pela virulência —, que importou na destruição do sistema tradicional, com o seu tônus de sacralidade, o seu caráter familiar, as suas liberdades municipais e gremiais e a sua ampla descentralização administrativa. O autor era o Conde Joseph-Marie de Maistre (1753-1821), homem de letras, estadista, magistrado e embaixador, oriundo de Chambéry, capital da Província da Saboia, então pertencente ao Reino do Piemonte-Sardenha.
Já de há muito que se fazia necessária uma edição brasileira do famoso panfleto do grande monárquico saboiano, que, partindo de um evento de cujo alcance ainda então pouco se sabia, elaborou um estudo poderosíssimo de Teologia da História, realçando que uma nova era se abria não somente ao povo francês, senão também a toda a humanidade. É nas Considerações sobre a França que Joseph de Maistre vai identificar na Revolução de 1789 um castigo divino infligido à França — a filha primogênita da Igreja —, por sua infidelidade à vocação histórica com que a dotou a Providência.
Esta primeira edição brasileira das Considerações sobre a França foi preparada pelo scholar maistreano José Miguel Nanni Soares — doutor em História Social pela Universidade de São Paulo —, que assina a tradução, as introduções, as notas explicativas e a bibliografia crítica, fornecendo ao leitor de língua portuguesa uma edição acadêmica completa desta obra clássica.