Esta obra teve origem na pergunta: o perceber do ser humano, no contexto em que se encontra, no século XX e XXI, evidencia – se em sua forma de agir? Pergunta que implica compreender as especificidades e singularidades perceptuais na existência humana, cujo ponto de partida é a abertura do ser humano ao que o circunda.
O caminho para este enfoque foi sugerido por Merleau-Ponty (Cf. 1971), ao propor que a ciência retornasse ao solo do mundo sensível como é na própria vida para o próprio corpo - sentinela silenciosa dos atos e das palavras; que se voltasse para o sujeito no mundo como corpo no mundo - visto como fonte de sentidos do sujeito, na totalidade da sua estrutura de relações com os outros e com as coisas ao seu redor. Este filósofo chama atenção, principalmente, para o fato de que o percebido por uma pessoa (fenômeno) acontece num campo do qual ela faz parte; a identidade do mundo percebido vai ocorrendo através das suas próprias perspectivas e vai se construindo em movimentos de retomada do passado e abertura para o futuro, sempre acessível a novas perspectivas. Desta maneira, diz-se que as coisas “se pensam” em cada pessoa, porque não é um pensar intelectual, mas sim a forma em que o sujeito entra em contato consigo mesmo, ao abrir – se e estar presente, em contato com o que o cerca.