Contínuo e contingência I: estrutura e alçada da lei de continuidade na lógica de Leibniz apresenta uma perspectiva inovadora sobre a filosofia de Leibniz, a partir do ponto de intersecção dos dois labirintos leibnizianos: o da “composição do contínuo” e o da “natureza da liberdade”, sendo que este último é abordado sob o ângulo da contingência, que, diferentemente da liberdade, é passível de ser tratada no âmbito do cálculo lógico. A lição de Vivianne Moreira é que Leibniz não se limitou a afirmar a legitimidade de tratar da mesma maneira proposições essenciais e proposições existenciais, mas que, para além disso, ele inventou o operador que garante essa legitimidade, a saber, a lei de continuidade (Adelino Cardoso). As noções de contingência e de continuidade, duas dificuldades centrais em Leibniz, serão exploradas neste trabalho a partir de uma relação que a autora identifica entre elas, ligada à noção de infinito. A questão é abordada por meio da análise da lei de continuidade, abordagem que se inicia já com um primeiro capítulo dedicado a um confronto com Descartes e Hobbes, continua no segundo capítulo, no qual a lógica leibniziana é examinada e discutida ao cabo de treze hercúleos trabalhos, para finalizar, no terceiro e último capítulo, com a análise da lei de continuidade. O que se verá em escrutínio nessas páginas é a abordagem que Leibniz dá à noção de limite de uma série infinita. Vivianne Moreira tenta mostrar aí que a lei de continuidade opera e tem seu escopo no interior da lógica, de sorte que o lógico teria prevalência sobre o matemático e o influenciaria. Recorrendo à metáfora musical que Moreira se permitiu utilizar um pouco mais livremente em sua conclusão, pode-se dizer que a partitura que ela apresenta é profundamente instigante, mas mais do que isso, a interpretação proposta dessa partitura é honesta e engenhosa (Fernando Rey Puente).