São dezessete contos de histórias contextualizadas aos referenciais do ambiente gaúcho da região dos Campos de Cima da Serra, que se localiza ao nordeste do estado do Rio Grande do Sul. O autor é nativo gaúcho dessa região sulista e inspirou-se em momentos realmente vivenciados por ele algum tempo atrás. O estilo de Contos dos Campos de Cima da Serra revela certo gosto do autor pela narração — digamos — de “causos” numa roupagem nova, sintética, na atualização de um contexto suave, casual, que aparentemente ocorra no cotidiano do dia a dia. A narrativa prima pela peculiaridade de ser descritiva de casos pontuais, contornando subjetividades; mesmo assim, alguns aspectos se sobressaem ultrapassando as vias naturais psicológicas, indo mais além dos fenômenos conhecidos pelos meios extrafísicos. O elemento psíquico da falta, da busca, da ânsia por se completar, talvez percorra os conteúdos abrangidos como lugar-comum dos diversos contos apresentados. Eles traduzem aspectos vibrantes em cada personagem, que desencadeiam um lado seu, insólito, que ultrapassa as fronteiras do conhecido. O desconhecido é o combustível motor que inflama a vontade de continuar a leitura, oportunizando seu rápido término. De alguma forma, o estilo autoral já está no seu primeiro livro de contos, chamado Contos de Areia de Itanhaém. O autor aproveita-se de algumas notas da desconstrução psicológica humana para puxar dali todo um arsenal subliminar, que se perderia, se não o atualizasse, aproveitando-se das cerradas noites dos tempos frios do clima gaúcho.