Os contos narram fatos inspirados na realidade, mas pintados com as tintas da ficção. Resultaram da necessidade de pensar, de analisar as instituições jurídicas, o Poder Judiciário e a concepção de Justiça. Induzem ao raciocínio sobre a interligação, a interferência, o papel, enfim, como o direito e suas concepções interferem no cotidiano das pessoas e na evolução de democracia. O livro é fruto também das angústias de um magistrado em fim de carreira, cuja vida profissional transcorreu nos corredores de fóruns e tribunais e que, nesses tantos anos, viu seu idealismo juvenil sendo transformado pela realidade. Justiça é uma palavra bonita que transita nos discursos falados, nas teorias escritas, nas imagens expostas, mas que permanece escondida e não aparece no dia a dia das multidões. O Direito é o real, interfere na vida de todos, regulamenta as condições de convivência comunitária, a distribuição de poder, de bens, de serviços, de riqueza e é, de certa forma, responsável pela qualidade de vida das pessoas. A Justiça idealizada e o Direito concreto parecem estar de mal na história da humanidade. Ao retirar os óculos da ideologia e olhar através do microscópio da realidade, veremos o triunfo da Injustiça para tantos e tantos seres. Conto então o que vi: realidades vividas, experiências vivenciadas, pensamentos e conclusões nesses anos todos de trabalho. Não são verdades. Nem mentiras. Mas uma forma de ver vinda de uma mente em permanente ebulição, não satisfeita com o mundo como ele é. São narrativas fora da Lei mitificada, de seu discurso oficial e de seu uso de poder. Ao leitor cabe tirar desses contos o que lhe for útil. Talvez possa se divertir um pouco. Quiçá criticá-los. O importante é deixar as ideias e os pensamentos fluírem, tendo cada um o direito de acreditar naquilo que necessita para viver a vida, inclusive venerar a Justiça flutuando nos ares ou distante da terra onde existimos.