"A primeira história do Tradicionalismo, um importante, porém surpreendentemente pouco conhecido, movimento anti-modernista do século XX. Abarcando uma série de grupos religiosos frequentemente secretos, mas por vezes muito influentes no Ocidente e no mundo Islâmico, o Tradicionalismo afetou tanto a política convencional como a revolucionária na Europa e o desenvolvimento do campo de estudos religiosos nos Estados Unidos.
No século XIX, numa época onde os intelectuais progressistas haviam perdido a fé na capacidade do Cristianismo em estabelecer verdades religiosas e espirituais, o Ocidente descobria escritos religiosos para além de suas fronteiras. Neste solo cresceu o Tradicionalismo, emergindo do meio ocultista na França do final do século XIX, e alimentado pela generalizada perda da fé no progresso que se seguiu na esteira da Primeira Guerra Mundial. Trabalhando primeiro em Paris e depois no Cairo, o escritor francês René Guénon rejeitava a modernidade como uma idade das trevas, e buscou reconstruir a Filosofia Perene - as verdades religiosas centrais por trás das maiorias religiões mundiais - em grande parte calcada em suas leituras de textos religiosos hindus.
Inúmeros intelectuais desencantados responderam ao chamado de Guénon com tentativas de colocar a teoria em prática. Alguns tentaram, sem sucesso, guiar o fascismo e o nazismo à luz de linhas tradicionalistas; outros mais tarde fizeram parte de grupos terroristas na Itália. O tradicionalismo, por fim, emprestou o cimento ideológico para a aliança de forças antidemocráticas na Rússia pós-soviética, e no final do século XX se inseriu no debate no mundo islâmico a respeito do que seria o melhor relacionamento entre o Islã e a modernidade."