Ao ler Contratos sagrados, dá para entender por que Caroline Myss lota auditórios em seminários pelo mundo todo. A autora, pioneira nos estudos de medicina intuitiva, ensina uma bem estruturada fórmula para resolver tanto os grandes dramas pessoais quanto os problemas cotidianos. Não é preciso esperar por uma crise para ver as coisas de forma simbólica e com exatidão, diz ela. Sua técnica se baseia principalmente na utilização de arquétipos, mostrados como guias energéticos capazes de conduzir a pessoa a seu objetivo espiritual - o contrato sagrado de que fala o livro.
Em certo sentido, cada arquétipo representa um rosto ou função do Divino que se manifesta em nós, explica a autora. O objetivo, então segundo ela, é saber quais são aqueles que predominam na vida de cada um. Depois de apresentar em detalhes os quatro arquétipos universais (a Criança, a Vítima, a Prostituta e o Sabotador), ela estabelece um interessante guia para conhecer os 12 arquétipos básicos que nos acompanham e que podem ser muito úteis para curar memórias dolorosas, para redirecionar nossa vida ou para encontrar uma forma de expressar nosso potencial criativo não utilizado. Através da Roda Arquetípica, o leitor poderá fazer perguntas a si próprio e descobrir quais os arquétipos (arquitetos da vida, segundo a autora) que o acompanham. A partir daí é possível traçar o Mapa de Origem, uma espécie de DNA espiritual. Na lista do fim do livro, há alguns de nomes sugestivos, como a mulher fatal, o viciado, o fofoqueiro e o Don Juan.
Todos os arquétipos vêm acompanhados de listas de filmes e livros que se relacionem com eles, além da religião e do mito de que são símbolos. A prostituta, por exemplo, é entendido como a venda de talentos, idéias e qualquer outra expressão da pessoa e tem como um de seus exemplos o personagem de Marlon Brando no filme Sindicato de ladrões.
Além de Carl Jung, o psicólogo suíço que estudou o papel dos arquétipos no inconsciente coletivo, Caroline mergulha fundo na Filosofia e na História. Platão é citado principalmente no trecho da República em que faz uma descrição detalhada dos estágios iniciais vividos pelas almas antes de encarnarem na terra. A aliança de Deus com Abraão é vista como o primeiro contrato sagrado da História. As trajetórias de Buda e de Jesus também são entendidas no contexto de Contratos sagrados que, apesar de tantas referências, mantém um texto leve, resultado da experiência da autora em falar para públicos ecléticos.
No fundo, o contrato sagrado de que Caroline fala é a própria missão de vida da pessoa, programada antes do seu nascimento, e para entendê-lo é preciso perder o medo da mudança e se preocupar com as próprias motivações. Todos caímos na armadilha de querer saber mais sobre as outras pessoas, e achar um jeito de julgar os outros, resume Caroline Myss.