O livro Contribuições de Hans Jonas aos desafios da técnica pretende mostrar que o último século entregou ao atual uma civilização marcada por inúmeros avanços e transformações no âmbito da tecnociência. Verdadeiramente, essas transformações impuseram-se como normas da civilização tecnológica moderna. Com isso, a técnica converteu-se em vocação da humanidade, de modo que tudo que seja da ordem humana precisa passar pelas insígnias daquela que vem determinando nosso modo de ser e agir. A tecnociência prefigura o Prometeu desacorrentado, cujo desejo de saber lhe confere um poder de grandeza tamanha, que a esperança de realização nele depositada converteu-se em ameaça para seu próprio autor – o homem. Sendo o poder excessivo da técnica uma ameaça para o homem, ela se torna um problema filosófico e igualmente um problema ético. Eis a preocupação do filósofo alemão Hans Jonas, qual seja: elaborar uma nova ética que oriente o homem na nova realidade antropológica na qual vivemos. Jonas adverte-nos de que se, por um lado, a ciência confere forças antes inimagináveis ao Prometeu desacorrentado, por outro, agora, o afã tecnológico moderno clama pelo despertar de uma ética de responsabilidade que seja capaz de pôr freios voluntários ao progresso desmedido daquele. Somente o despertar de uma prudência responsável impediria o poder dos homens de se transformar em uma catástrofe para eles mesmos. Se houve uma transformação imensurável na ação da técnica, a ponto de se converter em ameaça para
seus próprios autores, é preciso que no presente imediato seja também transformada a ação ética, capaz de assegurar indeterminadamente a permanência da vida humana e extra-humana no futuro.