Estudando com os mitos. Por um bom período do ano de 2014, nosso Grupo de Estudos se debruçou sobre a leitura e debate dos mitos. Claro que logo vem a pergunta: Mas porque estudar os mitos? Não se busca nos mitos uma forma pequena, menor, de explicar o mundo… Os mitos são uma forma complexa, riquíssima, de nos ajudar a nos compreender e a compreender a realidade. Foi nessa direção que foram nossos estudos. Além disso procuramos ajuda nos mitos pra nos situarmos melhor no mundo. Às vezes falamos de mitos como de algo utópico, que está por-vir. O mito do socialismo, por exemplo. E quantas vezes os aspectos mitológicos foram utilizados pra causar furor, guerras. Veja o mito da raça pura, por exemplo. E os mitos são utilizados também pra nos manter como somos, pra nos colocar no lugar da identidade. Veja os componentes míticos do carnaval, do futebol, do vira-lata, que ajudam a definir quem somos no Brasil. E quantas vezes as riquezas dos mitos ajudam a compreender melhor nossas raízes humanas, dizer quem somos. Veja a força empregada por Freud na compreensão de todos nós a partir do mito de Édipo. E todos os povos tem seus mitos, seus grandes homens, que servem de direção. Vejamos aqui no Brasil Tiradentes, Getúlio, Lula. Assim, mito não é um delírio, mas nossa força, nosso caminho cotidiano, nosso dia a dia. Os gregos nos ajudaram a entender como os deuses viviam, provocando em nós a possibilidade de também vivermos dessa forma, pois que tínhamos modelos exemplares para cada ação possível nossa. Nós podemos viver como os deuses viviam. Hoje nos defrontamos a toda hora com os mitos. Por mais que a morte do mito tenha já sido pregada em todas as filosofias, já que o pensamento reflexivo deveria decretar o fim da consciência mítica, o certo é que somos míticos, criamos mitos, e nos pautamos por mitos. O mito do cientificismo não deu conta de clarear nossa existência e resolver nossos problemas. Ao contrário é pai de outros mitos muito prejudiciais, como o mito da neutralidade, o mito da tecnocracia e o mito da objetividade, que faz par com o mito da subjetividade, que nos jogam entre o dogmatismo e o relativismo. Não somos um objeto. Não somos uma razão ambulante. Somos humanos. E nos constituímos nas inter-ações, nas relações mediadas por nossos pontos de vista, nossos valores, nossas imaginações, nossos quereres, nossas volições, nossas emoções. As questões emotivo-volitivas são nossas pontes com o outro, mediadas pela linguagem. Compreender isso é mergulhar mais profundamente dentro de nós mesmos. E foi isso que buscamos. Compreender mais profundamente o humano do homem. Que esse estudo que tanto nos ajudou a estudar o homem possa também te provocar a voltar aos mitos clássicos, aos mitos e lendas que nos constituem e também te ajudem a entender o nosso humano.