A poesia matuta, caracterizada pelos seus versos rimados e uso de um linguajar característico do Nordeste, fortalece o folclore e o imaginário regional.
Neste livro o autor a faz cada vez mais viva, jorrando poesia com muita facilidade e cuspindo versos com uma precisão e métrica incríveis e recheados de muito humor, ressaltando os “valores do campo” das brenhas nordestinas. Descreve em versos o modo de vida do matuto, a relação do homem nordestino com a terra, o cotidiano dessa gente. A voz poética se alterna, ora revelando a estética do sofrimento do homem do campo e relacionando o matuto à própria natureza, ora retratando os valores e hábitos do matuto com a preocupação de enaltecer o modo de vida dessas pessoas mais acostumadas à falta que à abundância, e sempre recriando a oralidade cultural nordestina.
Nos poemas deste livro o autor se desprende das normas de linguagem culta, com o matuto sendo construído num universo da oralidade mista, retratando a maneira autêntica com que o matuto se expressa, além de suas peculiaridades. Vale-se do erro real e frequente na fala cotidiana desse homem rural, onde os processos educacionais se fizeram distantes, dando um sabor pitoresco aos seus poemas.
O livro é recheado de causos que carregam em suas letras a realidade do interior nordestino, de Sanharó no agreste pernambucano, lugar onde o dia chegava em garrafas brancas às casas e com o cantar dos pássaros, e o retrato genuíno de pessoas que são personagens dessas histórias e estórias. Fala do cotidiano do matuto, de religião, política, tudo recheado de bastante humor.
Conversando Lorotas é, portanto, um compêndio de memórias vividas, ouvidas e contadas em versos e prosas. Leiam e se divirtam!