Academias de ginástica, clínicas de emagrecimento, cirurgia plástica, moda, televisão, internet... No mundo contemporâneo, impera a regra do ver e do ser visto. Nesse contexto, homens e mulheres não querem apenas viver mais, e sim ter, aparentar, manter um corpo jovem, "saudável". Hoje, a vaidade praticamente se tornou uma obrigação civilizada (e civilizadora), que atinge até mesmo as crianças. Antigamente, o homem podia ser desleixado com o corpo e ao mesmo tempo ser vaidoso da sua moral e do seu intelecto. Neste ensaio, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. reflete sobre os movimentos histórico-filosóficos dos últimos séculos para mostrar como reinventamos nossa relação com o corpo - isto é, de que maneira, na transição da era moderna para o mundo contemporâneo, nossa identidade se deslocou da mente para o corpo. Segundo o autor, "tudo indica que o indivíduo não tem mais a identidade associada à consciência enquanto arcabouço de grandes ideários, e sim ao corpo. Isto é, o indivíduo associa seu eu a apenas um ideário, bastante limitado, atrelado à noção de corpo. Por que um ideário limitado? Porque o corpo diz tudo que tem para dizer como peça visual - como 'tipo'". Para examinar essa tese e explicar fenômenos cujas ramificações atingem nossa vida social, econômica e cultural, Ghiraldelli revisa suas idéias a respeito do tema e se abre para uma perspectiva mais otimista, contribuindo para que estudantes e profissionais de diversas áreas, como filosofia, sociologia, pedagogia e comunicação, ampliem seu conhecimento.