Denise Braga pesquisou a experiência escolar das pessoas. Sujeitos LGBT que, como todos nós, são muito mais do que os estereótipos podem subsumir. As experiências contadas aqui mostram a complexidade de suas relações com a normatividade do discurso escolar. Operando com uma rede de referências amplas, na qual se destacam a teoria queer e o pós-colonialismo, Denise constrói um arcabouço teórico refinado para lidar com o deslizamento de categorias identitárias. Inicia, é verdade, por categorias identitárias que visam definir o Outro, mas as rasura ao longo da pesquisa. Como ouvinte atenta do Outro, ela traz para o leitor a narrativa de vida dos sujeitos, tomando emprestado de Benjamin a ideia de mônadas num esforço de ser justa com essas vidas. Ao mesmo tempo, lida com as dificuldades de pesquisas pós-estruturais que põem em questão noções como sujeito e experiência e lidam com a ilusão de presença que os relatos pressupõem. Não pretende resolvê-las, mas conviver com elas, produzindo uma leitura em que o foco está na subjetividade e não nos sujeitos. Denise não se pergunta se as estórias dos sujeitos são verdadeiras ou falsas ou parciais. A questão que persegue é como operam redes de constrangimento e brechas na produção das subjetivações. Como, ao construir/desconstruir sua subjetividade, os sujeitos escolhem ser ou não reconhecidos [e como?] dentro dos constrangimentos da normatividade.