Esse livro assume o desafio de vincular Jean-Jacques Rousseau à tradição republicana mediante um fio condutor: a corrupção política. Considera-se, para tal vínculo, o pressuposto de que a corrupção se inscreve como um problema de extrema gravidade e importância para os regimes políticos em geral e, especialmente, para o republicano. Sustentando que o referido problema esteve intrinsicamente ligado às discussões suscitadas por essa tradição desde a Antiguidade, retomado no Renascimento, presente nas reflexões republicanas do Século das Luzes e segue ameaçando os regimes políticos contemporâneos, o estudo, de início, mapeia sucintamente como o objeto de investigação elencado se configura na reflexão dos principais expoentes da estirpe republicana, ao longo da história da filosofia, com o intuito de preparar o terreno para defender a tese de que a corrupção política representa um grave perigo para a República. Logo, o estudo da latência da corrupção na República - analisada e discutida a partir do edifício teórico rousseauísta - possibilita comprovar a ligação do autor genebrino com a linhagem republicana. Ao serem examinadas as razões pelas quais a corrupção se apresenta como um problema nocivo à República, a obra oferece o seu quinhão para a ligação de Rousseau ao pensamento republicano, isto porque, ao se buscar realizar esse objetivo, examinam-se outras noções e conceitos considerados pertinentes à reflexão sobre os riscos da corrupção política para a República.