Nélida Piñon é uma das maiores escritoras brasileiras e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), que presidiu entre 1996 e 1997. Em 2005 recebeu, na Espanha, o Prêmio Príncipe das Astúrias, pela primeira vez concedido a um autor brasileiro. Dona de uma obra consistente e profunda, soube, com seus romances e seus contos, conquistar o coração de um enorme público de leitores. "(...)Sem concessões ao gosto pelo fácil e o familiar, sua arte de contar exige almas irmãs, atentas à ondulação dos vocábulos, às frases como águas vertentes, ora convulsionadas pela emoção, ora límpidas nos remansos da narração. Em seus contos, o narrador por vezes se despersonaliza, para observar e acentuar a via-crúcis das relações, e outras vezes assume a voz do protagonista, seus temores, hesitações, paixão cega ou submissão irônica. Suas histórias são sempre desconcertantes, exacerbando as características do conto: uma arquitetura toda voltada para o final que surpreende, eleva ou nauseia. Nos contos aqui reunidos atormentam-se mutuamente comunidades e indivíduos singulares, em situações insólitas, enfrentam-se casais em desacordo, pais e filhos, irmãos e estranhos visitantes, consciências pesadas ou aflitas até o limite, mulheres oprimidas e homens inescrutáveis.(...)" Trecho da introdução de Maria da Glória Bordini incluída no livro. Contos: "Cantata" "Fraternidade" "Menino doente" "Fronteira natural" "A sagrada família" "Os mistérios de Eleusis" "Cortejo do divino" "O Jardim das Oliveiras" "I Love my Husband" "Finisterre"