Em Portugal, 25 de Abril significa o Dia da Liberdade. O dia em que os cravos vermelhos venceram os fuzis dos soldados e oficiais que saíram às ruas para combater o movimento do povo e, por fim, passaram para o lado dos revoltosos contra a ditadura que começara em 1926. Era uma época de grave crise econômica no país, além das guerras de Portugal contra os países colonizados na África, que os próprios oficiais das tropas e a sociedade não aceitavam. Mas chegou o dia 25 de Abril de 1974. Nas ruas, a população pedindo liberdade em manifestações pacíficas. E aí surgiram os cravos vermelhos colocados por mulheres e crianças na ponta dos fuzis. Momento inesquecível para o mundo. Os soldados colocam as armas no chão num grande abraço, que fez retornar as liberdades civis e democráticas e a reconquista dos direitos do povo. Um movimento civil-militar que derrubou Marcelo Caetano, que havia sucedido Salazar. Quando o povo canta, o povo está feliz. “Cravos Vermelhos” é a contribuição e o respeito de um poeta brasileiro, de família portuguesa, que escreveu o que lhe diz a palavra da liberdade. É preciso dizer não a todas as ditaduras, de esquerda, de direita, de centro. E ainda existem ditaduras com mais de meio século. A pessoa nasce na ditadura e morre na ditadura, não conheceu a vida livre. Há de ser um governo do povo, pelo povo e para o povo. Um dos principais poetas do Romantismo brasileiro, o abolicionista Castro Alves, escreveu que “a praça é do povo como o céu é do condor”. Que floresçam os cravos vermelhos. Que nos deem a liberdade de dizer e pensar em favor de uma Pátria em que o povo possa viver livre. O livro reúne 35 poemas de Álvaro Alves de Faria, filho de pais portugueses que vieram para o Brasil para fugir da ditadura. No Brasil, o autor sempre se opôs a todas elas, sendo aclamado pelo “Poema do Viaduto” que lia no Viaduto do Chá no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, tendo sido várias vezes sido preso pelo DOPS, na década de 1960.