Em nossos dias, perdeu-se uma forma de reflexão mais geral sobre ideologia, conjugada com as noções de crença e representações coletivas, como um fenômeno: a instância deliberativa (liberdade) do homem em confronto com os condicionamentos externos (social). A filosofia grega antiga detinha-se, particularmente, nas relações entre pistis (crença), doxa (representação) e apáte (ilusão). O pensar grego, especialmente Platão, afiançava que a pistis era uma “antecipação correta de que algo se comporta de modo como ele se mostra para alguém. Firmeza da postura” (Cf. Heidegger). Por isso, retomar essa problemática após o surgimento da sociologia, da crítica radical marxista e do pragmatismo torna-se um desafio. Referir- se à crença, à ideologia e às representações coletivas, no fundo, é refletir sobre três princípios e três determinações, respectivamente: da liberdade, da dominação e do fundamento social; deliberativa, acomodativa e formativa. Dagmar Manieri, nesta obra, propõe que só a consciência dialógica é capaz de solucionar (de forma prática) o problema da ideologia. Concebida originalmente como refutação (elenkhos), hoje tal forma dialógica assume ares de dissenso, instância fundamental para garantir um campo seguro para balizar as práticas humanas. Dagmar Manieri, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é professor adjunto Iv da Universidade Federal do Tocantins (UFT).