A tensão em direção ao crescimento é biológica: as crianças crescem, as plantas crescem e todos os organismos vivos. O crescimento não pode, portanto, representar um problema, exceto se confundido com a ideia de tendência ilimitada, linear, não sustentável.
Ligado à prosperidade, o conceito de crescimento exprime a esperança responsável de construção de um futuro melhor, não o progresso automático e inevitável dos nossos padrões de vida.
E se a visão parcial do decrescimento feliz apresenta umdiagnóstico correto (a inadequação do modelo de desenvolvimento atual), mas um tratamento equivocado (à volta a um passado nostálgico melhor e frugal), o crescimento feliz baseia-se em dinâmicas inteiramente compatíveis com o bem comum: alimenta-se de economias circulares, promove relações gerativas, ativa magnetismos sociais.
Nesta perspectiva, também o consumo revolucionário, libertador, evolucional quando combinado com uma visão sustentável e compartilhada do mundo revela-se como uma ocasião vital e feliz. Este é o pressuposto que mais se distancia da ideologia demonizante do decrescimento, incapaz de compreender os inegáveis aspectos de liberdade da sociedade de consumo. O consumo transforma-se em uma prática feliz, torna-se o metrônomo da relação entre os homens, facilita e permite o reconhecimento social sem, contudo, constituir a única via identitária e nem mesmo a mais importante. Mais: o consumo permite a livre circulação de mercadorias e constitui um importante pilar das economias circulares, libertando-se da marca infame da mercificação.