No livro anterior de Paulo Souza, o leitor teve a oportunidade de conhecer o mundo ¬fictício de Tabuvale, a sua geogra¬fia inóspita, os enigmáticos sussurrantes, a luta árdua pela sobrevivência travada por suas criaturas viventes, seus misteriosos seres mal-assombrados e fantasmagóricos, a magia de cada regato e morro, cada tabuleiro e capão de mato. Além disso, o leitor pôde se encantar e se fascinar com o poder amedrontador dos quatro Visões, os deuses supremos de Tabuvale. O Pesadelo, o Visão dos sonhos e protetor da mente; o Assobiador, o Visão da noite e protetor das trevas; a Visagem, o Visão do dia e protetor da luz; e o Malino, o Visão dos ares e protetor dos seres mal-assombrados. Agora, no livro Cria, é chegado o momento tão esperado de o leitor conhecer um pouco mais sobre a mitologia rica e fantástica de Tabuvale. Em oito estorietas, o autor apresenta oito crias dos Visões, duas para cada uma das quatro deidades. Esses ¬lhos poderosos dos Visões são mandados para os tabuleiros e capões de mato de Tabuvale para interferirem diretamente na vida de cada criatura vivente. O povo mais velho sempre tem uma estória para contar sobre uma cria que chega e provoca uma carni¬ficina por onde passa. As crias são a prova mais evidente de que os Visões, ao mesmo tempo, amam e odeiam os homens na mesma medida. Aqui está um delicioso convite para o leitor mergulhar com mais profundidade no mundo divino dos Visões e suas crias.