A história dos pensamentos Criminológicos de cunho etiológico demonstra a oscilação constante entre buscar as causas da criminalidade em fatores biológicos do indivíduo criminoso e buscar nas variáveis sociais aquilo que leva um sujeito a delinqüir. Por um lado se vê o positivismo e seus posteriores desdobramentos como pertencentes a uma vertente criminológica que busca em características físicas do indivíduo a sua marca criminosa, aquilo que o destina inevitavelmente aos atos anti-sociais. De outro lado se vê o discurso sociológico, que despreza os aspectos biológicos, amparando-se, quando muito, na psicologia behaviorista, sustentando que apenas variáveis sociais e culturais podem conduzir alguém à prática de um delito. Com o avanço científico presenciado nas últimas décadas do século XX, desenvolveram-se disciplinas como as neurociências, a genética comportamental e a psicologia evolucionista, que, diferindo bastante das abordagens realizadas no século XIX e início do século XX, buscam estudar o homem como um ser ao mesmo tempo biológico e social, esferas estas que se influenciam mutuamente. Estes saberes evitam a dicotomia "natureza" e "cultura", estudando o homem em sua totalidade. A presente obra, portanto, visa mostrar ao público a contribuição e o potencial explicativo que a psicologia evolucionista pode oferecer para a compreensão do fenômeno da criminalidade. Baseado em conceitos como adaptação, mecanismos mentais e outros, e partindo do pressuposto da normalidade do criminoso e da capacidade de todos para delinqüir, a psicologia evolucionista pode contribuir para o estudo da criminalidade, sem prejuízo das demais teorias já desenvolvidas anteriormente, tanto no âmbito das ciências da natureza quanto no das ciências humanas.