CRISE DA MODERNIDADE PELA LENTE DO TRABALHO, A - AS PERCEPÇOES LOCAIS DOS PROCESSOS GLOBAIS

Desde a década de 1980 uma profunda mudança ocorre no mundo do trabalho. A instabilidade, a insegurança e o desemprego em massa são os destaques desse novo tempo. No Brasil, as alterações no mercado de trabalho fizeram-se acompanhar por indesejados subprodutos, como a favelização das cidades e a explosão da violência. Para além do aspecto econômico, todavia, a crise do trabalho envolve um variado leque de questões adjacentes, com múltiplas e graves implicações para o exercício da liberdade de pensamento e ação. O que reforça a inexeqüibilidade de qualquer projeto político para o país.
Luiz Guilherme Brom procura então demonstrar que a superação das dificuldades começa pela rejeição de estereótipos, preconceitos, falsas classificações e generalizações abusivas que permeiam o mundo do trabalho. É o caso do mercado de trabalho visto como fenômeno sacralizado, indiscutível e irretocável, como coisa da natureza, e não como produto social, construído, moldado, direcionado e manipulado pelas pessoas. Ao desvencilhar- se dos inimigos entrincheirados em sua própria mente, o homem pode então exercitar sua profissão e seu trabalho com liberdade, criatividade, intelectualidade e subjetividade. Ou seja, o trabalho digno de quem é humano.
Dessa perspectiva, o autor elege a modernidade como terreno privilegiado para a análise, oferecendo um traçado do seu percurso desde o Iluminismo até os dias atuais, no âmbito das promessas e realizações. E se o momento presente parece ser o da falência da velha ordem, os dias atuais também suscitam criação, inovação, ousadia e atrevimento.