No começo, o cristianismo confrontou-se com a língua grega – compreendida no Oriente, em Roma e nas grandes cidades do Ocidente europeu – e sua cultura, determinada pela filosofia. Entretanto, o diálogo do cristianismo com a filosofia grega foi o caminho encontrado de uma linguagem comum para anunciar o Evangelho de maneira inteligível ao mundo e dar maior consistência lógica ao seu discurso. Nesse encontro do cristianismo com o helenismo, aos poucos, o cristianismo passou a ser considerado “a verdadeira filosofia”, sendo a filosofia absorvida paulatinamente pela teologia cristã até a alta Idade Média. Por outro lado, nos tempos modernos e contemporâneos, a teologia distanciou-se não só das ciências, mas também das filosofias modernas e contemporâneas. Não acompanhando a evolução cultural, o cristianismo tende a tornar-se um corpo estranho na própria cultura ocidental, que cada vez é mais determinada pela tecnociência. Objetivando examinar a relação entre cristianismo e filosofia, entre cristianismo e cultura, Urbano Zilles é de parecer que o maior desafio da Igreja católica no mundo contemporâneo não é a ortodoxia doutrinária, mas encarnar o Evangelho de Cristo na cultura plural, sempre mais determinada pela tecnociência e sua linguagem. Inspirado na Sagrada Escritura e na transmissão de sua mensagem através da História, o autor tenta encontrar lugar para repensar a fé cristã e indicar o caminho para enculturá-la com credibilidade no mundo moderno e pós-moderno, sem identificar cristianismo e cultura.