Muito antes do Instagram e dos milhares de celulares em punho, a cultura do Rio de Janeiro teve sua testemunha ocular registrando momentos icônicos. Presença constante na cena cultural e bastidores do meio artístico carioca, a fotógrafa Cristina Granato registrou em mais de 35 anos de carreira aproximadamente 1 milhão de fotogramas. Agora, parte deste acervo precioso chega ao público através do livro “Carioca: registros da cultura carioca (1984-2018)” (Debê Produções). Reunindo 700 retratos realizados na cidade, com mais de 1.100 personalidades, o livro conta ainda com depoimentos comoventes de Fernanda Montenegro, Adriana Calcanhoto, Glória Pires, Christiane Torloni, entre outros. Começando em 1984, com um retrato de Christiane Torloni, então Musa das Diretas Já, na praia do Leblon, “Carioca” é uma verdadeira viagem pela memória cultural e afetiva do Rio de Janeiro. Cada virada de página é uma passagem pela máquina do tempo da cidade. Estão registrados desde Roberto Marinho e Boni, em gravação da novela Roque Santeiro (1985), até um abraço carinhoso entre Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, nos 90 anos de Luiz Carlos Barreto (2018), passando por Chico Buarque e o neto Chico Brown, ainda bebê, com Dona Zica, em feijoada na Mangueira (1997). Generosa nos cliques, Cris, como é carinhosamente conhecida no meio artístico fala um pouco sobre a inspiração para o lançamento de seu segundo livro. “Desta vez, eu abri o acervo todo e não quis fazer só de MPB. Quando eu fiz o livro de MPB, fui pesquisar qual era o lugar que eu tinha mais ido, e deu o Canecão. Só que eles não toparam, e a Heloísa Buarque propôs de abrir mais o leque e ser ‘um olhar na Música Popular Brasileira’, em vez de botar só o Canecão. Depois que eu acabei de fazer o primeiro livro, outras pessoas com que eu sempre trabalhei – de cinema, de teatro, de TV, de artes plásticas, de literatura – ficaram chateadas. Eu falava, ‘espera que vai vir!’. Então esse é um arquivo misturado, um pouco das pessoas que passaram por mim. E nem posso dizer que é tudo, eu fico tensa de não ter conseguido homenagear todo mundo. São tantas pessoas queridas que já tô prometendo um terceiro livro.” A julgar pela vastidão de seu acervo e a cultura pulsante do Rio de Janeiro, matéria prima certamente não faltará.