Leonardo Boff nos convida a pensar sobre a cruz e a morte de forma libertadora à luz daquele que carregou também a cruz, sofreu uma morte ignominiosa e ressuscitou na plenitude da vida transfigurada: Jesus de Nazaré. Em sua indispensável obra, o teólogo elabora os distintos níveis de sentido da cruz e da morte a fim de que fique clara a articulação entre eles, facilitando-nos recuperar as expressões da tradição - cruz e morte - como sacrifício e solidariedade. A cruz humana reside no sentimentode estarmos dimensionados para o infinito, mas enraizados numa situação finita. Aqui reside a inadequação dolorida, nosso desequilíbrio ontológico, mistério da existência humana. Carregar a cruz e acolher a morte comporta um convite à tolerância, à paciência histórica, à alegria do provisório. Com sabedoria e simplicidade, Boff afirma que o término do processo da morte propicia ao ser humano uma última entrega a alguém maior, propicia uma extrapolação completa do próprio centro para o coração de Deus. Viver, então, não significa caminhar inexoravelmente para a morte, mas para a Fonte da vida. Nesse sentido, a morte não configura uma tragédia, mas a possibilidade de uma nova vida, mais densa e plena.