Nunca foi tão importante que brasileiros, especialmente acadêmicos e universitários, se informem sobre o fenômeno evangélico. E este livro abre caminho principalmente para quem se interessa pela intersecção entre os campos da religião e da política. As universidades desconfiam das igrejas da mesma maneira como religiosos omitem sua fé quando estão nas universidades. Isso acontece porque acadêmicos frequentemente desdenham das religiões como algo pré-científico; o pensamento progressista que viceja nos ambientes universitários combate aquilo que religiosos tendem a defender nas pautas de costumes. E a situação fica mais difícil quando esses religiosos são evangélicos, porque, sendo predominantemente pobres, pretos e periféricos, são percebidos como pobres sem grife, que geralmente rejeitam a posição de vítimas e - o pecado supremo - desejam prosperar na vida. Nem o marxismo nem o catolicismo cultural perdoam esse "pobre rebelde".
A boa notícia é que este livro foi produzido pensando no leitor universitário que, em muitos casos, preferiria investir em leituras menos desafiadoras. Os autores desta coletânea são especialistas no tema do cristianismo evangélico, mas são também habitantes das universidades. Suas perspectivas, em termos de valores, estão mais próximas da academia do que das igrejas, especialmente das conservadoras e fundamentalistas. Além dos autores acadêmicos, três pastores evangélicos contribuíram com textos. Eles trazem perspectivas de quem acompanha o fenômeno evangélico de dentro. Lemos, nesse sentido, a perspectiva dos "nativos" que, rejeitando o fundamentalismo, experimentaram o cotidiano nas igrejas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
E, finalmente, há a participação luxuosa de alguns acadêmicos que também são evangélicos. Isso não está dito no livro, mas é um aspecto importante, simbólico.
Hoje se fala muito de como o campo evangélico é diverso, mas essa informação geralmente permanece no âmbito da abstração. Lendo este livro, você