Este livro explora o tema da formação humana com base no pensamento de Martin Heidegger. A questão que norteia a investigação é se seria possível identificar, nos escritos da primeira fase da obra desse filósofo, elementos para uma resposta atual ao problema da formação. Por “problema da formação” entende-se a possibilidade de o indivíduo constituir e guiar a si mesmo na relação com seu mundo. O desenvolvimento da investigação encontra na riqueza semântica do conceito de cuidado e seus momentos constitutivos indicativos de um movimento ontológico que leva de uma condição inicial de não formação para uma autêntica formação de si mesmo. Sobre essa base, defende-se a tese de que a Filosofia de Heidegger oferece uma resposta ao problema da formação que, sob aspectos gerais, mantém-se próxima à tradição, mas que é substancialmente muito diferente: formação equivale à transformação, por parte do indivíduo, de sua condição inicial de imersão irrefletida no mundo, a ser conduzida sem qualquer vínculo com verdades absolutas ou ideais universais; a formação pensada na perspectiva da Filosofia heideggeriana constitui-se pelo despertar do indivíduo para a sua liberdade radical, o que se dá numa luta constante contra as tendências cotidianas ao ocultamento e à dissimulação de seu ser e poder-ser no mundo. Essa ideia ressignificada de formação permite não apenas fundamentar uma crítica aos limites da formação estritamente profissional que permeia as discussões e as práticas educacionais hodiernas, como também esboçar as linhas gerais de uma educação que respeite e favoreça a liberdade ontológica dos indivíduos.