Enquanto teorias de conspiração querem explicar a emergência deste momento apocalíptico na história do mundo como resultado de uma engenharia social maléfica, Ruy Costa oferece uma análise sociocultural da modernidade e pós modernidade como expressão da racionalidade monológica do iluminismo. A este momento histórico Ruy Costa dá o nome de era da mesmice. Esta análise é informada principalmente pela escola de filosofia crítica de Frankfurt e pela teologia latino-americana. Costa integra as ciências da religião, ética e teologia numa visão do culto como um fenômeno incipiente de transgressão desta racionalidade da mesmice.
Quem conhece bem os escritos de Rubem Alves poderá notar uma certa continuidade entre o trabalho dele e o texto de Ruy Costa, especialmente com respeito a sua leitura crítica - nietzschiana e kierkegardiana - da modernidade bem como um certo alarme quanto a fé na tecnologia. Rubem Alves não era um neoludita, mas era cínico quanto a promessa de humanização implícita na fé no progresso. Ao mesmo tempo, Ruy Costa herdou de Rubem Alves um grande respeito pela leitura semiótica da experiencia religiosa bem como a convicção de que todas as leituras são limitadas e que além delas se esconde o que ele (juntamente com Rudolf Otto) chama de mistério tremendo.
Cláudio Carvalhaes
A era da mesmice foi definida como o período na história do mundo em que uma simbiose entre desenvolvimento técnico e poder econômico está se globalizando; a era da tecnocracia. Esta definição se constrói a partir da crítica à modernidade da Escola de Frankfurt, que retrabalhou o conceito de "racionalização da sociedade" elaborado por Max Weber. A análise de Marcuse nos anos 1960, por exemplo, foi mais profecia que ciência (assim como o trabalho de George Orwell). Se o mundo já estava submerso numa dialética monológica unidimensional materialista, em meados do século 20, esta mesma dialética monológica, agora, arrasta para o seu vórtice não só os meios de produção material como també