O campo de discussões da Educação Física escolar foi marcado pela profusão de teorias. O debate caracterizou-se pela luta de afirmar propostas que deveriam (re)orientar a direção da Educação Física na escola. O curioso é que estes debates se estruturam, em geral, numa perspectiva de identificar lacunas nos diferentes modelos pedagógicos da Educação Física do passado e presente, no sentido de apresentar o “modelo ideal” (revolucionário, emancipador, crítico e criativo) que atenderia às demandas do presente para formar o cidadão revolucionário que buscaria a justiça, a igualdade e a democracia. Na esteira do debate sobre os modelos pedagógicos da Educação Física, polaridades teóricas parecem ter animado os últimos anos. De um lado, modelos ancorados nas teorias do campo da saúde, aprendizagem e desenvolvimento motor, e, de outro, modelos influenciados pelos estudos do campo da educação, estudos culturais e em interface com as Ciências Sociais. Um movimento que carregava o rótulo de “cultura” ganhou visibilidade neste contexto utilizando algumas variações, como cultura física, cultura de movimento, cultura corporal. Observamos que, no campo pedagógico da Educação Física, têm surgido linhas de propostas que vinculam a intervenção, especialmente nas instituições escolares, ao termo cultura associado a ela. Por isso, neste livro analiso as apropriações da perspectiva cultural na produção acadêmica da Educação Física e nas aulas dessa disciplina em duas instituições escolares do Rio de Janeiro. Ofereço ao leitor um esforço sistemático de uma análise da produção da Educação Física que se apropriou do termo cultura e construiu uma pedagogia específica e apresento os efeitos desta pedagogia no cotidiano escolar de duas escolas com propostas pedagógicas consideradas opostas.