Este conjunto de artigos procura analisar os vários sentidos públicos da "questão democrática" que emergiu ao longo da resistência civil contra o regime militar, tendo como foco a Grande São Paulo, cidade que concentrava todos os contrastes da "modernização conservadora" imposta pelo regime militar. Entre 1977 e 1984, ou seja, das primeiras manifestações populares pós AI-5 às "Diretas-Já", explodiram vários protestos de rua cujo ponto em comum era a expressão da democracia como paradigma central de luta. Compartilhada pelo conjunto da oposição ao regime militar - dos liberais à nova esquerda, de jornalistas a militantes dos movimentos sociais, da classe média às classes populares - a "questão democrática" exigia a revisão crítica da tradicional cultura política brasileira, caracterizada pelo autoritarismo, elitismo e clientelismo e, neste sentido, marcava uma nova era na cultura política brasileira. Ainda que essa nova cultura política democrática não tenha sido suficiente vigorosa para democratizar o conjunto das relações sociais e políticas em nosso país e reinventar as estruturas políticas tradicionais, sua importância histórica não pode ser negligenciada. Desde os anos 70, vem interferindo no comportamento político de várias instituições e grupos que atuam na cena política brasileira. Este livro procura entender, a partir da lógica dos próprios personagens, como atuou essa frente democrática informal e qual o papel que desempenhou na história recente do Brasil.