É inegável que o discurso psicanalítico tenha influenciado, de diferentes maneiras, a cultura do século XX. Avaliar este impacto, porém, não é uma tarefa fácil, pois a teoria freudiana e seus métodos terapêuticos foram objetos de sucessivas releituras, tornando a psicanálise um tema ambíguo e controvertido. Acolhendo o desafio, Parker proporciona um panorama fascinante e acessível dos contornos do discurso psicanalítico. O objetivo é mostrar como a obra de Freud, embora original e revolucionária, se insere em uma complexa trama ideológica e cultural, na qual se cruzam diferentes — e às vezes contrastantes — visões filosóficas, antropológicas e sociais, que influenciam as sucessivas leituras da psicanálise. O leitor é convidado a penetrar as paisagens conceituais dos sucessivos desdobramentos do pensamento freudiano, das teorias das relações de objeto (Klein, Winnicott) à escola francesa (Lacan, Laplanche). Passando pelas dissidências de Jung e Reich e os desdobramentos da EgoPsychology, o autor adentra a leitura crítica da Escola de Frankfurt (Marcuse, Fromm, Habermas, Adorno, Horkheimer) e as teorias pós-modernas (Lyotard, Baudrillard). Em todas essas regiões, o autor evidencia uma realimentação simbólica circular, que dá origem a uma malha conceitual que abrange e explica de diferentes formas a relação polarizada entre indivíduo e a sociedade.