Nos léxicos a expressão latina currente calamo é interpretada como "ao correr da pena", ou seja, o que se escreve à medida que vêm as ideias, sem maiores preocupações com a forma e o sentido das palavras, e com a construção das frases. Nas citações paralelas, encontrei uma que justifica a escolha que fiz do título deste meu trabalho: Joseph Joubert disse que "para escrever bem deve haver uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida". Joubert foi um ensaísta e pensador francês que viveu entre 1754 e 1824, cujas ideias só foram publicadas depois de sua morte — por iniciativa de sua esposa e pela amizade que este tinha com Chateaubriand — sob o título Coleção de Pensamentos do Sr. Joubert. O que Joubert transmitia era, portanto, que, se sai ao papel com rapidez o que desejamos dizer por escrito, mais e mais sentimos a necessidade de revisar as palavras, o modo como as colocamos e as inúmeras armadilhas que o texto nos impõe, quando é nosso desejo transmitir a letra e a música, por assim dizer, de modo a soarem com as mesmas emoção e exatidão que queremos transmitir. Escrever é um compromisso, eu penso, ao qual quem escreve não consegue renunciar, e é uma pujante demonstração de amor e respeito ao idioma. No nosso caso, à "última flor do Lácio, inculta e bela", na expressão de um dos nossos maiores poetas, Olavo Bilac. Publicar é um desejo incontido pela apreciação humana, já que ninguém, mesmo feito com as pedras dos rios, consegue escrever unicamente para si mesmo. Mas, a dificuldade na satisfação desse desejo é o senso crítico, o mesmo que sepulta os escritos no silêncio das gavetas, físicas ou digitais. Ou o mesmo senso crítico que nos faz recuar diante daquilo que julgamos como ausência de grandeza. Não é mais o meu caso, depois que entendi que qualq