A disciplina é o conjunto dos meios próprios que garantem os bons resultados da instrução e da educação. Seu caráter principal: a disciplina deve ser preventiva. Ela assegura a ordem material: respeito ao regulamento, silêncio, reserva, exatidão, atenção nas aulas, aplicação constante nos trabalhos escolares. Ela torna menos freqüentes as repreensões e os castigos, estabelece entre mestres e alunos relações de confiança e cordialidade. Os estudantes, animados pelo desejo de proceder direito, consentem com toda facilidade nos pequenos sacrifícios exigidos pelo regulamento; sua obediência é voluntária, espontânea; sua docilidade é inteiramente filial. Sua influência suaviza o convívio entre colegas, repassa-o de indulgência e caridade. Ela assegura a ordem moral. Aquela ordem externa, mantida por apelos freqüentes dirigidos à razão e à consciência, tem repercussão profunda na ordem interna: produz o domínio de si, forma preciosos hábitos para a vida inteira, desenvolve o caráter, enrija a vontade, facilita a prática das virtudes sociais e cristãs. A disciplina não passa de meio essencial, indispensável; é a grande alavanca da educação digna deste nome. Examinemos mais detidamente suas vantagens. A disciplina promove a observância do regulamento. A regra é princípio de vida: traz a volta dos mesmos exercícios, das mesmas lições; norteia o aluno, hora a hora, dia a dia; ampara-o contra seus instintos, seu gênio, suas veleidades de indolência ou de independência prematura, ensina-lhe a obedecer à sua consciência e a Deus. A disciplina é a fonte e guarda do bom espírito. Quando está no seu papel, “ela dá aos meninos um santo respeito para com o mestre, porque vai combatendo todos os defeitos, todas as paixões e infunde a docilidade, a confiança, o amor mútuo, as virtudes todas que constituem o espírito de família”.