Um universo comandado pelo dinheiro e pela competição não vai produzir anjos. E são justamente os filhos do mundo contemporâneo, com suas ambições e seus vazios interiores, que habitam os dez contos de Cybersenzala do ficcionista, poeta e ensaísta Jair Ferreira dos Santos. Os textos de Jair Ferreira dos Santos mostram personagens que poderiam muito bem ser reais, sentados à mesa de bares descolados, freqüentando festas, trabalhando na baia ao lado. Personagens para quem o glamour é mérito ou é preferível ao mérito e para quem o desejo realizado é impossível de viver. A ironia é artifício do autor para tratar da comédia humana e do conformismo da atualidade. Solidão, ambição, inveja, indiferença e tantos outros sentimentos e situações contemporâneas estão nos contos Recursos humanos - O que fazer com o que Kafka fez com a gente; Breve memória do imparável Tôni Labanca; Antígona - Posto 6; Decoro parlamentar, ou se os orixás não estão de porre; Natália no horizonte; Cybersenzala; Justiça eleitoral; Fado pauleira e www.joy&peacefuneraldesign.com. A solidão é constante nas histórias. Em Fado pauleira, um escritor de 64 anos vê sua solidão, necessária, ser agravada pela proximidade da velhice. É ele quem diz A solidão com dinheiro no bolso soava com a única senha válida para a liberdade . A secretária gorda do conto Recursos Humanos também é só, mas encontra em algo surpreendente o sentido de sua vida. No conto que dá nome ao livro, um grupo de jovens colegas de trabalho se encontra num bar descolado do Rio de Janeiro após o expediente. Eles se vangloriam e acreditam no poder das marcas que vestem, da bebida escolhida, das drogas usadas. Jovens para os quais o excesso de exclusivos está excluindo a exclusividade.