Lisboa, 26 de maio de 1728, Ribeira das Naus. Cypriano José da Rocha, acompanhado de dois filhos, um de quinze anos,
outro de onze, embarca numa nau rumo ao Brasil, para ocupar, na capitania da Baía, o cargo de juiz dos órfãos, por mercê de Sua Majestade el-rei D. João V, o Magnânimo, e uns anos mais tarde, na capitania de Minas Gerais, o de ouvidor da comarca de Rio das Mortes, esse extenso território que, provavelmente ele não o saberia, era maior do que o Reino que ele deixava.
O ensaio percorre o seu trajeto de vida, privada e pública, com enfoque no período brasileiro, destacando-se a missão que
o levou sertão adentro, à descoberta das minas do Rio Verde, ultrapassando os rios Baependi, Lambari e Sapucaí, e que tem um momento marcante na fundação, como ele designou, de um arraial a que pôs o nome de Arraial de São Cipriano.
Ultrapassada a fase de adaptação ao clima, à alimentação, aos costumes e à vida social de um território em desenvolvimento e também em expansão para novas fronteiras, vivendo as mutações económicas, sociais e políticas
que o novo ciclo do ouro trazia à América portuguesa, Cypriano integra-se a esse novo mundo exposto nas cartas
que regularmente foi escrevendo a sua mulher.