Eu quase nada sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor me concedendo, eu digo: para pensar longe sou cão mestre - o senhor solte à minha frente uma ideia ligeira, eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!João Guimarães RosaEsta obra propõe uma reflexão sobre o Direito, sua aplicação, como é ensinado e aprendido atualmente e o seu descompasso com o processo de desenvolvimento, de evolução e de aperfeiçoamento de outras atividades científicas e, principalmente, com relação à sua incapacidade para atender às demandas da sociedade. Realça a necessidade de voltar-se para um Direito vívido, com alma, e que se fundamente numa prática transdisciplinar, e se desenvolva, desde sua formação até o seu pleno exercício, sob a chancela do Paradigma do Conhecimento que valoriza o conteúdo, o conhecimento e o Operador do Direito, o Jurista, e não como vem se desenvolvendo há séculos, priorizando somente o resultado formal e superficial, obediente aos pressupostos do Paradigma da Informação. A Alma do Direito está enferma. A Psicologia pode e deve socorrê-la em prol da sociedade, que está órfã de um Estado que, mesmo valendo-se de um Sistema Jurisdicional estruturado, não está conseguindo se tornar de fato e de modo eficaz um disciplinador da convivência e do comportamento humanos. A sugestão ora apresentada pode se tornar inovadora e vir a ser uma solução. Somente um Direito com Alma pode impedir a descrença da sociedade na capacidade do Estado para protegê-la e para zelar pelos caminhos que tem que trilhar na realização da sua individualidade. O abandono do Estado pode consentir, tacitamente, num retrocesso civilizatório e autorizar a pessoa a buscar solução para suas demandas a seu modo e com seus instrumentos e técnicas. A queixa com relação ao distanciamento entre o Direito e o indivíduo na sociedade é antiga - tem quase a idade do Direito - e as providências para sanar essas queixas têm-se apresentado ineficazes. O Autor