Obra emblemática de François de Salignac de la Mothe-Fénelon, "Da Educação das Meninas" figura entre os tesouros literários do século XVII. Este tratado pedagógico, imbuído da rica tradição filosófica cristã, oferece um compêndio eloquente sobre a formação intelectual e moral das jovens.
Publicado originalmente em 1687, o livro condena estereótipos limitadores em relação à inteligência feminina. Fénelon propõe uma abordagem abrangente, que vai além do mero desenvolvimento acadêmico, visando também a cultivar virtudes, modéstia e habilidades práticas nas mulheres.
Dedicando seis capítulos especificamente à religião, Fénelon fundamenta essa ênfase na convicção de que a criança, marcada pelo "pecado original", necessita ser orientada nos princípios e dogmas da religião católica. Essa abordagem visa prevenir vícios, disciplinar emoções e conduzir à "perfectibilidade humana".
Para Fénelon, a educação feminina deve ser essencialmente moral e particular, almejando um propósito público e social. Em sua obra, denuncia a influência prejudicial de familiares e amizades fúteis, assim como as más companhias, propondo uma educação virtuosa e equilibrada a partir de modelos exemplares, especialmente os ligados à religião.