DA MARGINALIDADE AO ESTRELATO - SAMBA E NACIONALIDADE 1917/45

O percurso que a historiadora trilha nos conduz, com cautela e substância, dos rituais e celebrações das comunidades africanas no exílio brasileiro, ao conjunto de influências, locais e internacionais, que levaram à consolidação da cultura popular de massa, de forte conotação nacionalista e subsumida por práticas populistas. A amarração explicativa desse fenômeno tão complexo, se encontra na habilidade com que a Fabiana enquadra todo o processo no contexto da transformação radical da vida urbana no Rio de Janeiro, entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do 20, até a ascensão do regime de Getúlio Vargas.
Por sua grande abrangência, observando um fenômeno complexo em todo o seu ciclo, da gênese à sua plena configuração, esse trabalho condensa uma ampla gama de pesquisas em história social e da cultura, ao mesmo tempo em que lhes provê um eixo interpretativo rico, múltiplo e crítico. Como ela mesma o diz, logo de início, a Fabiana o construiu não só com critério e engenho, mas com uma paixão irradiante, que sentimos vibrar a cada artista revisitado, a cada música analisada, a cada partitura escrutinada. Ao contrário do Pestana [personagem de Um Homem Célebre, de Machado de Assis], ela ama o que ela é e o que ela faz. Naturalmente, a Fabiana é compositora também. Para a alegria da galera.