DA PALETA DE FRIDA KAHLO A OUTRAS RESSONÂNCIAS

Neste estudo, analiso a produção de sentidos no processo de circulação da imagem de Frida Kahlo, seguindo princípios teóricos e analíticos da Análise de Discurso de orientação materialista. Compreendo a circulação referida como um processo subjugado às condições históricas impostas pelo sistema capitalista, ou seja, funciona sob determinações materiais. Visto que todo processo fide significação está inscrito nas relações sociais, os dizeres [verbais e visuais] de Frida são assujeitados às condições de produção, são efeitos da interpelação ideológica que a constitui como sujeito. Desse modo, sua arte-vida está determinada por relações de poder, pela disputa de sentidos. Artistas retomam seus dizeres e telas, suas cores fle flores, desde condições materiais diferentes daquelas que Frida experienciou, e produzem outras relações de sentidos. Posto isso, estudei sobre como Frida costurou o laço entre arte, comunismo, mexicanidade e gênero em sua arte-vida, para compreender como a retomada de seus dizeres produz deslocamentos de sentidos. O objetivo é analisar como as relações de poder determinam o discurso de Frida e a ressonância deste em discursos sobre Frida. A via analítica trilhada consistiu em estudar as determinações materiais em fidiscursos de Frida, identificar posições ideológicas e efeitos de sentido reproduzidos no que diz respeito a arte, comunismo, mexicanidade e gênero, e, em seguida, examinar como o projeto Todos podem ser Frida, de Camila Fontenele, desloca sentidos ao elaborar um discurso sobre “poder ser Frida”. Concluo que se trata de um discurso que tem Frida como referência, contudo não reproduz todos os aspectos que sensibilizaram e determinaram seu olhar.