DE MINHA JANELA NÃO VEJO O FIM DO MUNDO

Este livro reúne textos que foram publicados semanalmente nos sites Ultrajano, do jornalista José Trajano, e JB online, do Jornal do Brasil, entre abril de 2018 e final de 2023. Uma coletânea de colunas, crônicas ou textos em formato livre. Um misto de realidade, memória, ficção e imaginação, mesclando gêneros ao sabor das inquietações do autor, acossado pela velocidade das rupturas nesse estranho mundo que nos coube.
Álvaro Caldas, entrelaça em suas crônicas os diferentes planos da existência, o presente, o passado recente e o longínquo. Um variado painel destes últimos cinco anos que se passaram, parte deles com as pessoas confinadas em casa pela Covid 19. Relatos de uma vivência sufocada por um sociopata negacionista que levou à morte de 700 mil brasileiros.
Os textos seguem o ritmo dos acontecimentos e da imaginação, aliando memória e ficção. Numa coluna, o autor manifesta seu assombro diante de ameaças à liberdade, com velhos tanques de guerra desfilando pelas ruas. Em outra, revela que Clarice Lispector tinha peixinhos nadando dentro dos olhos, descoberta de um poeta que se apaixonou por ela. São registros de viagens, cartas, memória dos cárceres, comentários e impressões sobre livros, filmes, atividades culturais. Registros de conversações livres com seu neto Theo. Juntos, numa crônica, avaliam se farão uma viagem a Marienbad ou a Pasárgada.
Uma época conturbada que contagia as 70 crônicas escritas sob tensão por um escritor formado existencialmente em plena guerra fria, meados do século 20, sob o impulso das revoluções socialistas e do inefável sentimento do mundo drummondiano. Textos registram a tristeza pelas mortes de amigos, cada uma delas uma bofetada. Outros falam de crianças, filhos e netos que cresceram durante a ditadura. E daqueles homens e mulheres que se foram sem tempo de se despedir, tiveram suas vidas ceifadas e se tornaram desaparecidos.