Nas celebrações dos 80 anos de Milton Nascimento, uma foto ganhou o Brasil e o mundo: os olhos expressivos de sua mãe biológica, falecida quando ele tinha menos de dois anos de idade. A imagem integra originalmente pesquisa de livro agora lançado pela editora Letramento, com autoria de Vilma Nascimento, idealizadora, junto aos jornalistas e pesquisadores Jary Cardoso e João Marcos Veiga.
“De onde vem essa força” empenha-se em narrar parte destas trajetórias de resistência e reinvenção da própria história. Para tal, percorre o caminho da família Nascimento desde a lida de Vó Maria em Lima Duarte, a luta de suas filhas pela sobrevivência em Juiz de Fora e Rio de Janeiro, até um canto reverenciado em todo o mundo. Uma força que segue presente em cada galho dessa árvore, incendiando o corpo de alegria.
Numa obra de pesquisa e narrativa apuradas, estão saborosas histórias e personagens, como a parteira Vó Maria, também especialista em ervas curativas, e passagens até então desconhecidas da biografia de Milton, em sua relação com a família biológica, e a conexão desta com a querida família adotiva de Três Pontas.
Assim, nestas páginas estão cenas poéticas inéditas de um Bituca menino tocando sanfona numa viagem de trem com Ercília, a tia biológica, e, já adulto, num encontro familiar em que levou amigos como Gonzaguinha e Joyce para uma feijoada na casa de outra irmã de sua mãe, a Tia Jandira, em Juiz de Fora, em 1972, quando participava do festival de MPB da cidade.
Na canção “Raça”, Milton Nascimento e Fernando Brant perguntam de onde vem a força, a magia que ilumina a casa escura. Garra que ecoa a partir de vozes ancestrais, mas que também reverbera na pele de artistas, amigos e parentes: “atraca Vilma e Tia Ercília!”.
Autores: Vilma Nascimento; Jary Cardoso; João Marcos Veiga