Na vida de nossas retinas tão fatigadas, precisamos nos libertar dos perigos sempre à espreita: a impossibilidade de singularizar um pensamento, a reiteração de verdades e poderes estabelecidos. Para resistir à servidão, em vez de lutar por ela como se se tratasse de nossa salvação, é necessário pensar, aprender a pensar. Este é o apelo que nos endereça Deleuze, e que este livro faz ecoar tão agudamente: pensar é agir. Por isso os riscos se impõem, pois não há separação
entre o pensamento e a política, entre criar conceitos e enfrentar tudo que é insuportável e nos deixa os olhos arregalados e ardendo. Só pensamos forçados, e o que nos força é essa dimensão intolerável da vida, que nos engaja num devir revolucionário, num devir-minoritário, que se impõe contra qualquer preservação do sujeito, da besteira ou da forma-Estado. Pensar é muito perigoso mesmo. Pensar, aprender a pensar, é afirmar a vida. Este é nosso grito, junto a Sandro Kobol Fornazari, por uma vida não fascista. Nosso esforço coletivo para perseverar no pensamento.
Mariana de Toledo Barbosa