Após o reinado de mais de seis décadas da Rainha Victoria (1819-1901) e da impressionante expansão do Império Britânico impulsionada pela Revolução Industrial, o Reino Unido recebeu a coroação de Edward VII (1841-1910) com algumas ressalvas. O filho mais velho de Victoria tinha então 59 anos e era conhecido por ser mulherengo, glutão e dado a jogos de azar. Um de seus casos amorosos causou tal escândalo que muitos dizem que matou de desgosto seu pai, o Príncipe Albert (1819-1861), poucas semanas depois. E Victoria nunca perdoou o filho por isso. Mas a história pode surpreender os mais céticos. Edward VII acabou sendo conhecido como Edward, o Pacificador, e seu reinado, mesmo que curto (apenas nove anos), foi crucial para algumas movimentações políticas no Reino Unido e na Europa.
Lançado originalmente em 1933, o livro Depois da Rainha Victoria, Edward VII traça um perfil elegante, como é costume na bibliografia do escritor André Maurois, de um monarca repleto de contradições em um momento importante da história mundial, a passagem do século XIX para o XX – os impérios que dominavam o mundo no século XIX estavam para ruir com a Primeira Guerra Mundial, e um novo ator surgia com força no cenário político mundial: os Estados Unidos (antes de ser coroado, Edward VII foi o primeiro membro da Casa Real Britânica a visitar oficialmente a antiga colônia).
Enquanto o mundo se contorcia em mudanças – o cinema e o carro tinham acabado de ser inventados –, Edward VII tentava arrumar a própria casa contendo os ânimos de conservadores e liberais que brigavam por uma nova Constituição. Maurois, sempre fascinado pelos meandros da nobreza britânica, disseca esses jogos de poder em um livro indispensável para quem gosta de história e política.