Amor é aquilo que move. A energia da energia elétrica. O que faz os metrôs se deslocarem, aviões decolarem, portas se abrirem ou fecharem. Amor é aquilo que acende, apaga, levanta, esquenta, esfria, ilumina, escurece. Amor é aquilo que gera dúvidas, certezas, anseios, medos, gozo, alegria. Eis um livro que fala de amor, com uma pequena e importante diferença, Marina Matos nos serve amores próximos daquilo que podemos chamar de realidade, por isso, e é bem possível, talvez você chore. Pois o amor, melhor dizendo, os amores contidos nesse livro não são mirabolantes, como acontecimentos catastróficos que parecem mais show pirotécnico do que vida. Não, os amores contidos neste livro são simples, nítidos, desses espreitados nas ruas, avenidas, bares e esquinas das cidades. Certamente deve ter lhe ocorrido uma ou mais vezes, enquanto você caminhava ou pegava um ônibus, distraidamente pensando na vida, no livro que tinha de devolver para a biblioteca, ou se colocou ou não a ração do seu cachorrinho, quando, de repente, você levanta o olhar e cruza com o de alguém que chora, ou o de alguém que está prestes a chorar. No fundo, você deseja falar com essa pessoa, saber o motivo. Você, mesmo com vontade de conversar, saber da pessoa o motivo da tristeza, certamente não vai ter coragem de se aproximar, ou o pudor da privacidade não permitirá nunca esse movimento. Ao contrário de você, o personagem desse livro rompe as barreiras do medo, do pudor, e até da indiferença, para descobrir não o outro no meio de tantas histórias de amor que elas carregam no peito e na alma, mas principalmente para descobrir a si próprio. Durante a leitura de ‘Depois daquele dia’, você e o personagem principal se confundem, o motivo da identificação? Não existe ser vivente no mundo que não ame. Se não ama, está parado, congelado na vida, ou simplesmente já pereceu.