Amo ir à praia, ficar horas olhando e ouvindo o som do mar. Lembro-me nitidamente de quando estava passando por uma depressão profunda, e em um momento, em frente ao mar, não conseguia sentir nenhuma felicidade, nem empolgação, nem paz, nem nada. Sentia apenas uma angústia profunda, um pesar, uma dor que não sabia nem explicar como era. Minha vida estava perfeita: negócios a mil, prosperidade financeira, havia acabado de comprar uma casa nova do jeito que sempre sonhei, mas a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento era: nunca mais conseguirei ser feliz? Nunca mais essa sensação vai passar? Era como um grito que ecoava em minha alma, mas ninguém podia ouvir, nem mesmo eu. Por trás daquele olhar triste, havia uma dor desesperadora que parecia não ter fim, e a única coisa que uma pessoa deprimida deseja é um fim para esse sofrimento, e a única coisa que a pessoa deprimida deseja é colocar um fim nesse sofrimento, seja ele como for, nem que para isso custe sua própria vida. A grande verdade é que a depressão paralisa, porque é exatamente isso que precisa ser feito: parar! A forma como se está vivendo não se sustenta mais. Não dá mais certo a forma como se encara a vida, como se alimenta, os exercícios físicos que ignora, a inteligência emocional que não desenvolve, as emoções com as quais não se aprende a lidar, os traumas que não consegue superar, o momento presente que não consegue viver e a gratidão que não consegue exercitar em todas as situações. É preciso mudar de vida e, quando a pessoa não consegue fazer isso de forma espontânea, a depressão aparece com o papel fundamental de fazê-la mudar.