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Sinopse
Apesar de estar usando aqui metáforas visuais, importa frisar o fato desses haikais estarem caracteristicamente marcados pela sinestesia, animando-nos muitas vezes os laços e atritos entre os sentidos (“noite no Sena / o cheiro de açucena / é nosso lume” ; “vento seco / entre os bambus / barulho d’água”).
É assim que Alice Ruiz S vem nos proporcionando lampejos de intensidade concentrada, de uma forma muito peculiar, isto é, com muita naturalidade, isto é, sem forçar a barra, isto é, pisando em terreno que ela conhece como conhece, como se diz, a palma de sua mão, e essa quiromancia geográfica da sensibilidade foi desvendando e carregando de sentidos as linhas e rastros, com tal profundidade, que a fatura desses mínimos denominadores comuns (estrelágrimas, planegotas, sementélites) passou a se dar com cada vez mais intimidade formal.
Como alguém que cuida há anos do seu jardim dos fundos, podando limpando semeando regando um espaço que se vai dominando sem domar, e de cujo contato diário horário minutário segundário brota uma sabedoria acerca de cada um daqueles caules, ramos, folhas e outras exuberâncias da cor mais verde que existe. Desde “nada na barriga / navalha na liga / valha” (primeiro haikai de Alice que li, e que me impressionou de cara pelo poder de síntese e interação sonora-semântica), Alice vêm regando e podando (quem não sabe que um objeto concentrado é fruto tanto de adição quanto de subtração?) essas surpresas e o que transparece após esses anos de cultivo é a tranquilidade de quem está “em casa” com uma espécie particular de expressão formal — extremamente difícil e cheia de armadilhas, há que se dizer, uma delas a própria aparência de facilidade que os haikais, por sua necessária simplicidade, costumam denotar.
Alice soube cavar uma maneira pessoal de se relacionar com essas formas mínimas, sem perder o gosto pela brincadeira zen, mas sem também vulgarizá-la com exotismo ou fascínio hipertrofiado — daí seu desafio quase provocativo de nomear o conjunto de “desorientais”.
Que mais teria eu a dizer de um livro de haikais com esse título? Que acrescentar a esses poemas que, por si mesmos, falam tanto com tão pouco? Meios imóveis de locomoção do espaço / tempo (“até onde a vista alcança / tudo pertinho / a quilômetros de distância”). Instantâneos que assustam com serenidade (“fim de tarde / depois do trovão / o silêncio é maior”). Multiplicadores de sentidos (“por você / eu esperava / por mim não”). Ideogramas recortados na realidade (“varal vazio / um só fio / lua ao meio”).
Deshorizontes.
Arnaldo Antunes
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788573210392 |
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Biografia do autor | Alice Ruiz Scherone é uma poeta, haicaista, letrista e tradutora brasileira. Possui mais de 20 livros publicados, com poemas traduzidos e publicados em vários países. |
Pré venda | Não |
Peso | 227g |
Autor para link | S ALICE RUIZ |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 19 x 13 x 0.7 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 128 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2000 |
Código Interno | 112958 |
Código de barras | 9788573210392 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | S, ALICE RUIZ |
Editora | ILUMINURAS |
Sob encomenda | Não |