"Deus não tem religião". Esta citação de Ghandi é uma das muitas com que o lama Surya Das instiga o leitor a percorrer uma viagem interior tendo como guia as quase 400 páginas de 'O despertar para o sagrado'. A densidade do texto não se choca com a leveza do estilo de Surya Das, que explica conceitos budistas tibetanos, utilizando provérbios e passagens de textos sagrados de diversas religiões e correntes de pensamento em capítulos curtos e ágeis, enquanto analisa as dificuldades filosóficas do homem contemporâneo. É na introdução de 'O despertar para o sagrado' que Surya Das define seu leitor: alguém que pretende descobrir e vivenciar o sagrado, que espera, através do conhecimento espiritual, obter serenidade. Sem restringir seu público aos iniciados no budismo, Surya Das discorre sobre pontos comuns à maioria das religiões, entre eles a aceitação e o entendimento da morte, a necessidade de nos apiedarmos, de sermos solidários e de enfrentarmos privações sem desespero. A exposição dos princípios budistas é suave, relacionada a aspectos do cotidiano de qualquer ocidental e até a discussões filosófico-políticas. As citações com que Surya Das abre cada capítulo também refletem o amplo universo em que ele acredita estarem os leitores "buscadores": vão do comediante Lenny Bruce a poemas de Lord Alfred Tennyson, que se juntam a provérbios sérvios, judeus e pensamentos de mestres espirituais orientais. A amplitude de referências apresentadas por lama Surya Das em 'O despertar para o sagrado' são esclarecidas quando ele apresenta, na primeira parte do livro, os "Assuntos espirituais". Nascido em uma família judaica, Jeffrey Miller foi criado no bairro nova-iorquino do Brooklyn, e viveu os anos 70 e 80 em mosteiros tibetanos, quando abraçou o budismo, tornando-se lama e adotando o nome de Surya Das.