O teólogo Keith Ward é possuidor de uma biografia que o qualifica plenamente para desenvolver com conhecimento de causa o tema deste ensaio. Além de sacerdote da Igreja Anglicana e teólogo, é filósofo e professor de Filosofia da Religião do King’s College de Londres e professor responsável pela cadeira de “Divinity” da Universidade de Oxford. Autor de diversos livros sobre sua especialidade, Ward transita ao mesmo tempo com leveza e profundidade pelas questões filosóficas e teológicas, fazendo-o com a naturalidade e a segurança de quem domina o assunto. Por este motivo acabou tornando-se o interlocutor mais qualificado para rebater os questionamentos levantados por alguns cientistas a respeito da natureza e da existência de Deus, como os do biólogo Richard Dawkins, autor de Deus, um Delírio. Em Deus: Um Guia para os Perplexos, Ward conduz o leitor por uma autêntica viagem — bem dosada com algumas pitadas do característico humor britânico — pela história das religiões e da filosofia, desde as divindades gregas até chegar a Hegel e Marx, passando por todos os mais importantes pensadores da história do mundo, tais como, por exemplo, Platão, Agostinho, Aristóteles, Tomás de Aquino, Kant, Heidegger, Schopenhauer e Nietzsche. Sua erudição e preparo para desenvolver o tema fazem com que o texto adquira uma qualidade inquestionável e uma clareza fundamental para prender o leitor de forma definitiva, levando-nos a um passeio esclarecedor pela história do pensamento humano com um interesse redobrado, tamanha é a capacidade do autor para criar tópicos com títulos originais e até poéticos como “O amor que move o Sol”, “O poeta do mundo”, “O Deus dos filósofos” e “A escuridão entre as estrelas”, para citar apenas alguns.Por tudo isso, Deus: Um Guia para os Perplexos torna-se uma leitura indispensável não só para estes “perplexos”, mas também para todos os crentes e não-crentes, embora tudo leve a crer que os primeiros tirarão um proveito maior de sua leitura, já que Keith Ward fornece argumentos inesgotáveis para mostrar que, como afirma Leonardo Boff no prefácio, “pensar Deus é (...) conectar-se com aquela Energia soberana e boa que pervaga o Universo e penetra nas profundezas de cada um”.